25 de dez. de 2006

Feliz Natal

Este ano tive a oportunidade de iniciar uma nova fase em minha vida. Passando em concurso público, saí da casa dos meus pais e fui morar em outra cidade. Vim agora passar o natal com minha família e viajar com eles por alguns dias. Nunca antes havia imaginado como isso poderia ser bom. Este poema dedico a eles, pela alegria que posso sentir ao saber que há distância, mas ela não nos separa completamente.

Felicidade
à minha família

Certo dia perguntei
O que era felicidade
Houve tempo em que diria
Que era só proximidade

Mas apareceu então distância
E veio junto a tal saudade
Como poderia haver
Ainda assim felicidade?

Certo dia descobri
Que havia sim distância
Mas em meio ao sofrimento
Havia um coro de esperanças

Em meio a tantas mortes
Brota sempre a nova vida
E na distância há esperença
Da alegria rediviva

19 de ago. de 2006

Che Guevara

A vida de um revolucionário é feita de muitas lutas. No entanto, não há porque se fazer revolução sem que o fim seja justamente a vida. E nesse sentido me parece que Ernesto Che Guevara foi um grande revolucionário. Partiu em busca de aventuras e se deparou com a pobreza de todo um continente; foi em busca de vida e viu que somente uma revolução poderia dar vida àquelas tantas pessoas que encontrou no meio do caminho. Abandonou sua antiga vida na Argentina e se encontrou em Cuba, no Congo, na Bolívia - e nesse tempo todo não deixou de viver, mas viveu com intensidade na incessante busca pela nova vida. Ainda que a morte lhe tenha alcançado, e ainda que seu rosto preocupado esteja estampado nas camisetas de tanta gente que não é capaz de refletir sobre o que realmente é vida, seu legado continua alentando os sonhos de muita gente e mostra a muitos que é preciso lutar, mas sem perder a ternura jamais.

Che

Sim, amigo,
É preciso seguir
E largar o que se tem
É preciso andar
Até se encontrar
É preciso lutar
Mas não esquecer
É preciso viver

É preciso andar
E tudo deixar
É preciso lutar
Até o fim
E ainda ser humano

Sim, amigo,
É preciso lutar
E ainda que a luta seja dura
É preciso lutar
Sem perder a ternura

27 de abr. de 2006

Nadejda

Aqui vai mais uma parte deste poema chamado Nadejda. Pela ordem, as demais partes já publicadas são estas: I, II, IV (esta parte é a terceira). Como deve ficar claro pelo conjunto, esta ordem é apenas das que já foram publicadas.

Nadejda

Soube porém um certo dia
De um novo ar que surgia
Ainda suave brisa
Em breve chuva de verão

Vi então a flor de um novo tempo
E com ela os raios do sol
Tingiram de dourado o antigo céu
Que já não podia subsistir

A vida era uma promessa
E prometia brilhar
E já fazia luzir
A luz que sepultaria a noite

A treva então tremeu
E quis o dia sufocar
E quis a esperança soterrar
E embruteceu

Contra aquela que nascia
Surgiu cada vez mais intensa
A treva pondo medo
O medo sufocando a gente

A gente porém já tinha visto
A breve cor da aurora
A suave luz do novo tempo
Se instalara em seu coração

Não havia mais tempo para a morte
Não havia mais esconderijo para a dor
Não havia mais suportar separação
Não havia mais calar na solidão

A pouca luz que se entrevira
Antes que as nuvens do terror a encobrissem
Já havia semeado sua semente
Já raiava o dia dessa gente

20 de mar. de 2006

Como pode?

Como pode ser o mundo como é, excluindo de seu gozo quem o cria?
Aí vai a parte segunda.

Nadejda

Como podes, ó cruel realidade
Sepultar contigo todo o povo
que a ti mesma sustenta?

Como podes, ó cruel impiedade
Sepultar contigo todo o povo
Tua indesejada criatura?

Como podes, ó cruel ressentimento
Sepultar contigo todo o povo
Que para cá abriu caminho?

Como podes, ó cruel indiferença
Sepultar contigo todo o povo
E pensá-lo apenas sua carência?

Como podes, ó cruel separação
Sepultar contigo todo o povo
Reduzido à cruel subsitência?

Como podes, ó cruel realidade?
Como podes?

7 de mar. de 2006

Iniciando

Mesmo sendo a segunda parte que escrevo, esta é a parte inicial do meu poema Nadejda. É que, como já disse antes, este será um poema longo, que não pode ser escrito todo de uma vez, e pode também não ser escrito em ordem. Em breve, quando já tiver mais algumas partes publicadas, começarei a colocar na lateral direita desta página a ordem delas. Enfim, aí vai o início desse poema anteriormente começado:

Nadejda
a noite vil

No começo, a escuridão
Na noite nada via
Senão o temor e o pesar
O peso do muito tempo
Nos ombros doídos de toda a gente

No começo, o nada
A dor, a miséria, a servidão
O sepulcro de toda a vida
A ausência de toda existência
A realidade fria da separação e da morte


No começo, o sofrer
A dor em todo canto
A dor em toda mente
A dor completa e indescritível
No começo somente havia dor

19 de jan. de 2006

Renovação

Acredito que andava precisando rever minha poética, que andava já um tanto esgotada. Este poema talvez seja o início dessa nova etapa. Então, falemos dele.

Acredito que o nome mais bonito da língua russa seja Nadejda (o primeiro "d" é palatalizado, como em "di"). Isto que vai aí embaixo é apenas um fragmento do projeto de um poema maior, agora mesmo começado e que será publicado conforme for sendo escrito. Não se trata, porém, do fragmento inicial, pois ainda direi porque escolhi Nadejda para ser a musa do poema.

Por fim, não garanto a atualização deste blog nas próximas semanas, em que estarei muito ocupado para isto.


Nadejda
tomar o céu de assalto

Na tarde da vida via
O crepúsculo de qualquer certeza
A mão na arma ainda tesa
A morte certa àquele dia
Mas sei, Nadejda, estavas lá!

A tempestade se formava
O momento que queria
Chegado o grande dia
De assalto o céu tomava
Eu vi, Nadejda, estavas lá!

No entanto repelido
No momento em que caí
Como o grande cai em si
Da incerteza enfim saído
Eu sei, Nadejda, ainda estás!