26 de mai. de 2005

Mais um poeta, mais um defunto

Fazia eu um poema
a caminho do cadafalso
para então cumprir a pena
de morte natural na forca.

Era aquele um poema
de dor, prisão e luta.
Não havia nele um poeta,
apenas havia a pena.

Mas disse o juiz de fora:
Prendam-no!
– Já está preso.
Matem-no!
– Já está morto.

Era verdade, pois havia
muito antes me suicidado.
Aquela era apenas
a compleção do derradeiro ato.

Muito antes escrevera um poema
de angústia, morte e dor,
mas não estava no poema,
era apenas um fingidor.

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