23 de abr. de 2005

Clown

Um dia o espetáculo será do povo.

Clown

Clown.
Chorava tristonho sozinho,
sozinho não existia.
Feito palhaço fora do palco
chorava
Chorava porque não podia existir.

Mas o circo foi se enchendo,
a despeito do aviso de senhores empolados
- e donas e cachorros
o circo foi se enchendo.

O povo acorria,
a multidão preenchia
cada espaço até não poder mais.
E quando não havia mais platéia,
o povo todo foi à coxia
juntar-se ao clown
- e ser clown.

Quando não mais havia
senhores e donas e cachorros,
todos foram ao palco
- todos palhaços felizes no palco
e dizem que este espetáculo não mais acabará.

6 de abr. de 2005

ABBA

Versificação tônica e rimas em abba, isto era impensável para mim um tempo atrás. Era impensável, fique bem claro.

Das trevas surge a luz
(homenagem póstuma à liberdade)

Hoje caiu da janela,
onze andares desceu.
Quem viu isto não creu,
mas era mesmo ela.

Ali no chão estatelada,
inerte ela parou.
O povo todo olhou,
a alma ficou desconsolada.

Mas trouxeram logo bandeiras,
no chão ela não ficou.
Nos ombros o povo a carregou,
homenageou-a de muitas maneiras.

Por ela ainda se luta,
virá ainda que à tardinha
e na noite que já se encaminha
fará das trevas dia.