Mais um poeta, mais um defunto
Fazia eu um poema
a caminho do cadafalso
para então cumprir a pena
de morte natural na forca.
Era aquele um poema
de dor, prisão e luta.
Não havia nele um poeta,
apenas havia a pena.
Mas disse o juiz de fora:
Prendam-no!
– Já está preso.
Matem-no!
– Já está morto.
Era verdade, pois havia
muito antes me suicidado.
Aquela era apenas
a compleção do derradeiro ato.
Muito antes escrevera um poema
de angústia, morte e dor,
mas não estava no poema,
era apenas um fingidor.