20 de mar. de 2006

Como pode?

Como pode ser o mundo como é, excluindo de seu gozo quem o cria?
Aí vai a parte segunda.

Nadejda

Como podes, ó cruel realidade
Sepultar contigo todo o povo
que a ti mesma sustenta?

Como podes, ó cruel impiedade
Sepultar contigo todo o povo
Tua indesejada criatura?

Como podes, ó cruel ressentimento
Sepultar contigo todo o povo
Que para cá abriu caminho?

Como podes, ó cruel indiferença
Sepultar contigo todo o povo
E pensá-lo apenas sua carência?

Como podes, ó cruel separação
Sepultar contigo todo o povo
Reduzido à cruel subsitência?

Como podes, ó cruel realidade?
Como podes?

7 de mar. de 2006

Iniciando

Mesmo sendo a segunda parte que escrevo, esta é a parte inicial do meu poema Nadejda. É que, como já disse antes, este será um poema longo, que não pode ser escrito todo de uma vez, e pode também não ser escrito em ordem. Em breve, quando já tiver mais algumas partes publicadas, começarei a colocar na lateral direita desta página a ordem delas. Enfim, aí vai o início desse poema anteriormente começado:

Nadejda
a noite vil

No começo, a escuridão
Na noite nada via
Senão o temor e o pesar
O peso do muito tempo
Nos ombros doídos de toda a gente

No começo, o nada
A dor, a miséria, a servidão
O sepulcro de toda a vida
A ausência de toda existência
A realidade fria da separação e da morte


No começo, o sofrer
A dor em todo canto
A dor em toda mente
A dor completa e indescritível
No começo somente havia dor